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Doação de órgãos: dor transformada em esperança de vida para quem está na fila de transplante

“O que nos consola é que ele vai viver por meio de outra pessoa”. A frase tocante de um familiar ilustra o contexto sensível envolvido na captação de órgãos em casos de diagnóstico de Morte Encefálica. Em um gesto significativo de amor, em meio a dor da perda, famílias contribuem para que a esperança se torne realidade para muitos pacientes que esperam na fila de um transplante de órgãos.

E foi assim que, com a autorização da família, a Central de Transplantes do Rio Grande do Sul realizou na manhã desta sexta-feira, 2, captação de órgãos no Hospital Unimed Noroeste/RS. O doador, um homem de 50 anos, teve diagnóstico de Morte Encefálica, determinando abertura de protocolo pela Comissão Intra-Hospitalar de Doação de Órgãos e Tecidos para Transplante (Cihdott), resultando na captação de fígado e rins (órgãos) e córneas (tecido). O deslocamento dos profissionais responsáveis pela captação ocorreu pela Uniair, a empresa de transporte aeromédico da Unimed-RS.

Segundo familiares, o gesto a favor da doação foi concretizado como forma de honrar o ente querido, uma pessoa que sempre lutou pelos familiares e amigos, dedicado à comunidade, sendo ele também um doador de sangue regular. “Nos colocamos no lugar de outras pessoas. E se fosse um de nós precisando de um transplante? Assim foi muito importante as conversas e a explicação que tivemos da equipe do Hospital, que esclareceram como é realizado todo o procedimento. Mesmo sendo um momento de dor, acreditamos que foi a melhor atitude a se tomar”, avalia familiar, que concordou em conceder depoimento mesmo neste momento delicado.

Ato de amor – Segundo a médica intensivista e cardiologista Andriéli de Oliveira Buzzeto, coordenadora da Cihdott do Hospital Unimed Noroeste/RS, a doação de órgãos é um ato de amor ao próximo. “Através dela, muitos pacientes que estão aguardando ansiosos em filas de transplante podem ter o seu sofrimento aliviado. No momento de dor pela perda de um ente querido, saber da sua vontade de ser doador é fundamental para facilitar essa escolha. Por isso, é importante que se converse sobre o assunto e se manifeste em vida o desejo de ser doador”, observa.

Para o cirurgião digestivo e de transplantes William Foerster Silvano, membro da equipe que realizou a captação no Hospital Unimed, a divulgação nos meios de comunicação e a conversa entre os familiares é essencial. “Porque a decisão não fica mais pelo paciente, fica pela família. Então, se em vida a gente conversar e explicar que é doador de órgãos e a importância disso, é possível uma decisão mais fácil por parte da família”, reforça o médico, complementando que para quem recebe o órgão ou tecido “é uma mudança de vida. Nasce de novo, com certeza. Pessoas que têm câncer de fígado e que precisam, pessoas que estão na hemodiálise e necessitam de rins, pessoas que não enxergam e voltam a enxergar. Então, é uma vida nova”.

Doação no Brasil – O diagnóstico de Morte Encefálica é regulamentado pelo Conselho Federal de Medicina. Dois médicos diferentes examinam o paciente, sempre com a comprovação de um exame complementar, que é interpretado por um terceiro médico. Desta forma, para ser doador, basta conversar com a família sobre o desejo. Mesmo assim, no Brasil, a doação de órgãos só será feita após a autorização familiar. Conforme o tecnólogo em Banco de Olhos do Hospital de Clínicas de Porto Alegre, Felipe Guareze, que fez parte da equipe de captação, “o protocolo de Morte Encefálica do Brasil é um dos mais conservadores. Ele é demorado. São feitos vários testes com várias equipes diferentes. Então é um protocolo confiável”.

Há dois tipos de doador: o primeiro é o doador vivo. Pode ser qualquer pessoa que concorde com a doação, desde que não prejudique a sua própria saúde. O doador vivo pode doar um dos rins, parte do fígado, parte da medula óssea ou parte do pulmão. Pela lei, parentes até o quarto grau e cônjuges podem ser doadores. Não parentes, só serão doadores com autorização judicial. O segundo tipo é o doador falecido: pacientes com diagnóstico de Morte Encefálica. Os órgãos doados vão para pacientes que necessitam de um transplante e estão aguardando em lista única, definida pela Central de Transplantes da Secretaria de Saúde de cada estado, e controlada pelo Sistema Nacional de Transplantes.

Guareze explica ainda que para a “doação de córneas não tem compatibilidade de sangue, nem de tamanho ou peso” e não depende somente de pacientes com Morte Encefálica. “Os grandes doadores de córnea são de coração parado”, ou seja, “qualquer paciente que falece, por qualquer doença, pode doar as córneas. As contraindicações são pacientes com HIV, Hepatite, septicemia ou cânceres hematológicos”.

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