Superdotação, Altas Habilidades e Genialidade: o que diferencia esses conceitos?

Provavelmente, em algum momento, você já escutou um destes três termos: superdotação, altas habilidades e genialidade. Geralmente, os termos são usados quando uma pessoa tem grande destaque em alguma área. Apesar de serem termos parecidos, não possuem o mesmo significado. Cada um tem suas particularidades e, entender essas diferenças, é fundamental para reconhecer talentos e oferecer apoio quando necessário. Vamos conhecer um pouquinho de cada termo?

 

Superdotação – está relacionada a pessoas que apresentam desempenho muito acima da média em diferentes áreas, não apenas na intelectual e acadêmica, mas também em liderança, criatividade, artes e habilidades psicomotoras. A superdotação muitas vezes associa-se a um QI elevado, acima de 130, mas não é só isso que conta. Essa condição é mais do que números, ela envolve a capacidade de aprender rapidamente, resolver problemas complexos e pensar de forma criativa e inovadora.

Na prática, é comum observar crianças ou jovens que parecem distraídos durante a aula, não fazem anotações, mas compreendem facilmente os conteúdos e executam as tarefas sem dificuldades. No Brasil, a Política Nacional de Educação Especial utiliza o termo Altas Habilidades/Superdotação (AH/SD) para identificar oficialmente esses estudantes e garantir políticas de apoio.

Altas Habilidades – aqui, o que faz a diferença é o potencial, pois a pessoa com altas habilidades precisa de estímulo, acompanhamento e oportunidades para se desenvolver. Na legislação brasileira e na psicologia educacional, esse termo é muito utilizado. A diferença desta dotação para as outras está que a pessoa não precisa ter o desempenho elevado em todas as áreas. O talento pode ser desenvolvido em algo específico, como música, artes, matemática ou habilidades práticas.

Um exemplo atual é o influenciador e humorista Whindersson Nunes, que revelou seu diagnóstico em altas habilidades. O resultado foi descoberto por meio de diversos testes durante o período em que ficou internado para tratar de vícios. De acordo com Whindersson, receber o diagnóstico de altas habilidades o ajudou a entender e encarar momentos de sua vida que pareciam estranhos.

Genialidade – este é um conceito mais raro e difícil de definir. Não se refere apenas a ter um QI alto ou aprender rápido. Trata-se da capacidade de produzir algo único, original e transformador para a humanidade. Pense em nomes como Einstein, Mozart ou Leonardo da Vinci. São pessoas que, por meio de suas contribuições, realizaram grandes feitos para a humanidade. Profissionais da área, como psicólogos e neuropsicólogos, destacam que nem toda pessoa superdotada é considerada um gênio, mas muitos gênios apresentam características de superdotação.

 

A importância da identificação precoce

Agora que você já conhece um pouco de cada dotação, poderá reconhecer em pessoas próximas a você e saber como pode ajudá-las a se desenvolver. Reconhecer esses talentos desde cedo é fundamental. Quando não recebem apoio adequado, pessoas com superdotação ou altas habilidades podem enfrentar frustração, ansiedade, perfeccionismo e dificuldades de socialização. Por isso, a identificação precoce é essencial. Quanto antes for feito o diagnóstico, mais cedo podem ser oferecidos programas de enriquecimento, flexibilização curricular, mentorias e acompanhamento psicológico. Isso contribui não apenas para o desenvolvimento das habilidades cognitivas, mas também para o equilíbrio emocional e social.

Junto com a superdotação, altas habilidades e genialidade, vem também a “dupla-excepcionalidade”, quando se apresenta um potencial com um desafio. Ou seja, pessoas com dupla-excepcionalidade são aquelas, que junto com as dotações, desenvolvem transtorno de aprendizagem, Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH), Transtornos de Aprendizagem (TA).  De acordo com a psicóloga da Unimed Noroeste/RS, Maria Vitoria Lima Carvalho Amorim, a dupla-excepcionalidade é reconhecida, através do resultado de observações clinicas, além de dados psicométricos.  “Por vezes, ter superdotação é visto como sujeitos que possuem maiores habilidades e muitos benefícios, em ambas as áreas, em comparação com as pessoas ‘neurotípicas’. Porém, sabe-se dos desafios sociais, sensoriais, emocionais e por vezes de aprendizagem, enfrentadas por quem tem esta condição. Por isso, salienta-se a importância de uma avaliação adequada e encaminhamentos necessários para melhor desenvolvimento de habilidades deficitárias”, destaca a profissional.

Vale lembrar: o diagnóstico deve ser realizado por profissionais capacitados, por meio de avaliações específicas e acompanhamento contínuo.

 

Para refletir

Superdotação, altas habilidades e genialidade são conceitos diferentes, mas todas carregam algo em comum: mostram como o ser humano pode se destacar de maneiras diversas. Reconhecer esses talentos é um passo importante para que cada pessoa possa crescer em seu potencial máximo, contribuindo para si mesma e para a sociedade.

 

 

Referências Técnicas

  • Gardner, H. (1994). Estruturas da mente: a teoria das inteligências múltiplas.
  • Renzulli, J. (1978). What makes giftedness? Reexamining a definition.
  • Ministério da Educação (MEC) – Política Nacional de Educação Especial.
  • Pfeiffer, S. I. (2015). Essentials of gifted assessment.
  • Pfeiffer, S. I. (2015). Essentials of gifted assessment.

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