Você sabia que uma simples conversa com a sua família pode mudar o futuro de outra pessoa?
Todos os anos, milhares de vidas são salvas graças a solidariedade de quem realiza um gesto de amor ao próximo: a doação de órgãos. Em muitos casos, o transplante representa não apenas a esperança de sobrevivência, mas também a chance de um novo recomeço. Em 2024, de acordo com o Ministério da Saúde, o Brasil alcançou um marco histórico, registrando mais de 30 mil transplantes de órgãos e tecidos, superando o recorde de 28,7 mil em 2023. Algumas doações, inclusive, podem ser feitas ainda em vida. Vamos te explicar um pouco mais.
Nosso País possui o maior sistema público de transplantes do mundo. A lista de pacientes é única e controlada pela Central de Transplantes da Secretaria de Saúde de cada Estado, válida tanto para a rede pública quanto para a privada. Decidir ser doador é um ato de amor, mas precisa ser conversado com a família. Apesar das campanhas de conscientização, o tema ainda é um tabu. Segundo o Ministério da Saúde, 38,4% das famílias não autorizam a doação de órgãos de parentes diagnosticados com Morte Encefálica. Um dos principais motivos para a recusa é a falta de informação.
A médica cardiologista e intensivista Andriéli de Oliveira Buzzeto, responsável pela Comissão Intra-Hospitalar de Doação de Órgãos e Tecidos para Transplantes (Cihdott) do Hospital Unimed Noroeste/RS, ressalta que caso a pessoa tenha o desejo de doar órgãos busque informações, converse com profissionais da saúde sobre o tema e informe a sua família, para que as mesmas estejam cientes e possam tomar uma decisão de forma mais fácil e adequada, caso esse cenário se concretize. “Nos casos de Morte Encefálica, a decisão pela doação de órgãos cabe aos familiares mais próximos, o que torna essencial o diálogo prévio sobre o tema”, complementa. No Brasil, são os parentes dos pacientes que autorizam, ou não, a doação. Por esse motivo, é importante comunicar de forma clara o seu desejo.
Você sabia que há dois tipos de doador?
Doador vivo: qualquer pessoa que concorde em doar, desde que não comprometa a própria saúde. É possível doar um rim, parte do fígado, parte da medula óssea ou parte do pulmão. Pela lei, parentes até o quarto grau e cônjuges podem doar. Para não parentes, é necessária autorização judicial.
Doador falecido: pacientes diagnosticados com Morte Encefálica, confirmada por dois médicos diferentes e por um exame complementar avaliado por um terceiro especialista. Os órgãos doados são destinados a pacientes que aguardam na lista única, controlada pelo Sistema Nacional de Transplantes. Independentemente do cenário, é necessária a compatibilidade sanguínea entre doador e receptor.
No caso específico da doação de medula óssea, é preciso ter entre 18 e 35 anos, estar em bom estado de saúde e não ter histórico de câncer ou doenças autoimunes. Quando há compatibilidade imunológica, menores de idade ou pessoas incapazes juridicamente também podem doar, desde que haja consentimento dos pais ou responsáveis legais e autorização judicial, sem que o ato represente riscos à saúde.
A doação de órgãos é, acima de tudo, um ato de amor, solidariedade e empatia. Um gesto que ultrapassa o limite da própria vida e transforma a dor em esperança. Falar sobre o tema com a família é a melhor forma de garantir que o seu desejo seja respeitado. Afinal, quando alguém decide doar, não está apenas salvando vidas, está multiplicando recomeços.
Doe órgãos. Converse com sua família. Seja a razão do amanhã de alguém.

